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21 de jun. de 2010

Um passo era mais rápido que o anterior. Parecia que a qualquer momento uma perna tropeçaria na outra. Os dedos já haviam perdido um cigarro ainda pela metade e as calças – devidamente sem cinto – prometiam cair a qualquer momento.

Crianças surgiam de todos os buracos da calçada e atrapalhavam o caminho tortuoso e longo. Corre! Corre! Corre!

Sentia uma dor no peito, o ar faltando, uma gota de suor que desceu o pescoço e foi-se na camisa branca, já amassada. Os sinais eram todos verdes. Os atalhos eram todos errados. Aquilo tudo era muito pra tão pouco. Finalmente, tropeçou. Para um lado voaram revistas, canetas, balas. Para outro voou qualquer paciência. Para cima foram os palavrões mais saborosos. Para baixo as dores mais pueris. Aquilo tudo era muito pra tão pouco.
Danem-se os ponteiros do relógio!

Bateu a poeira das coxas e foi-se novamente. Dessa vez mais lento. Observando uma gargalhada, um olhar mais surpreso e uma pequena flor que saía de um bueiro – esse pouco era muito. Deixa! Deixa! Deixa!

Pegou um pedaço de cartolina. Colocou na geringonça antiga e barulhenta e ouviu o estalo que anunciou: meia hora atrasado. E não tinha desculpa que o salvasse dessa vez.

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